Visitando o ateliê de Aecio Sarti...

Passeando pelas românticas ruas de pedras de Paraty, 2 quadros extremamente expressivos a porta de um estabelecimento me chamaram a atenção. Atraída como um imã, fui na direção das pinturas para ver de perto. Gostando do que vira, percebi que no lugar haviam mais obras e tinha uma pessoa trabalhando e criando novas outras lá dentro. Fiquei encantada com aquele traço que de forma exótica e ao mesmo tempo simples expressavam figuras humanas. Percebi ainda que o pintor daquelas obras também tinha um aguçado senso de moda e figurino no que se referia às roupas das personagens ilustradas, coisa que me deixou intrigada.

Irresistivelmente estava entrando no Ateliê de Aecio Sarti, um pintor de Paraty, que usa lonas de caminhão usadas por muitos anos (e até mesmo remendadas) nas estradas do Brasil como suporte para suas obras. Não bastasse o caráter sustentável de sua escolha, a matéria-prima têm grande harmonia com o caráter de suas pinturas. Descobri ainda que já fora designer de moda, e por isso o senso estético no que se referia às roupas.

A figura masculina das imagens apresentam-se em homens estilosos pelo despojamento e refinamento do uso de camisas, gravatas e blazers/paletós. A combinação das cores das gravata com o restante do look é adorável.

As mulheres, assim como os homens apresentam-se em zelosa elegência sem soberba, porém com demonstrações de cuidados ao se "arrumarem" pelas mãos do artista. Tal fato, deve-se porque alguns quadros de Aecio tiveram como inspiração a "Roupa de ver Deus", roupa de domingo assim chamada por pessoas do interior mineiro no Vale do Jequitinhonha.

"Grande intérprete da figura humana, a maturidade de sua linguagem e a poética de sua pintura inscreve-se na procura de raízes mais profundas da brasilidade. Num comvente e apaixonado interesse por costumes, tradições e fragmentos do cotidiano interiorano mineiro, ele nos apresenta suas rainhas, seus anjos, bonecas coloridas com mantas de retalhos de chita, Roupas de ver Deus na festa do Rosário, festa para os olhos e para a alma"

Mali Frota Villas-Bôas - Historiadora e Crítica de Arte